29.
Não tem dia
que eu não aprenda dessa nova casa; as folhas, flores, as plantas e a árvore da
fruta ainda desconhecida.
(“Nova” que na verdade parece de uma vida toda.
Não sei se eu moro nela ou ela mora em mim hehe).
Cheguei
ainda no inverno, vi as florzinhas secas caírem enchendo o chão de uma cor
branca e marrom, formando um tapete.
Eu varria o
pátio e no outro dia, outras florzinhas mais estavam ali. Lá ia eu varrer de
novo...
Na semana em que eu me mudei era “chuva trás
chuva”, entrei pra casa no mesmo ritmo.
Eita
limpeza!
Depois,
veio O Frio.
Quase
congelei na parte de cima da casa:
Eu, uma
cama enorme gelada e uma janela estreita na diagonal onde eu especulava a rua –
hoje em dia é a minha janela secreta, hehehe.
*
Logo
depois... Veio chegando à primavera... Toda linda!
As
florzinhas começavam a esbanjar delicadeza...
Todas muito
graciosas J
inundando o pátio de um cheiro doce, que se parece ao jasmim- mas não é jasmim,
vai entender...
*
A porta da
casa começou a estar mais aberta, pessoas se encontrando, amigos se re-conhecendo.
O pôr do
sol cada dia mais bonito e o vento mais sereno
A casa ia recebendo presentes e eu também J
Algumas plantas
começaram a renascer e eu, entusiasmada, fui plantar mais.
Mas - no fundo das minhas caraminholas - plantei sentindo medo que elas morressem (imagina
só!). E assim foi, morreram aos pouquinhos.
Que
sensação estranha, boba, e doce ao mesmo tempo... Eu senti a perda delas...
Senti por
não ter cuidado melhor, por ter plantado com medo, e senti mais por me achar “a
tal” diante da simplicidade e grandiosidade dos ciclos da vida mesma. Onde tudo muda, morre, nasce, renasce. Sim,
todo mundo sabe disso, mas às vezes a gente pensa como algo dissociado e distante
de todos os nossos instantes de vida.
Se
esquece, fácil.
E lá vem a
Natureza, humilde e generosa sempre, nos convidar de novo e de novo... A entrar, e nos reconhecer na nossa própria casa.
“Se
colhe o que se planta”, não é? Literalmente é assim mesmo também hehe
*
Dias
depois, fiquei gripada durante uma semana.
Uma gripe bem
forte, que me fez parar.
E parando a
gente reavalia coisas, não é?
Foi bom...
Mas tive
que deixar ir (........................................
deixar ir a
gripe, a água que escorria incessante pelo meu nariz – e sim!
a couraça
velha, o medo e a desconfiança,
a carência,
a falta de compreensão comigo mesma, com os
meus processos, com a minha história
...............................................)
Foi beeeem frutífero.
*
É tão bom se sentir em casa.
É a gente
que faz A casa ... (?)
Por isso aquilo de que se pode “estar em casa
em qualquer lugar do mundo”.
Mas antes é
preciso “morrer”, cavoucar a terra mesmo, essa terra, dentro de nós.
É preciso
ter mão delicada, paciência, respeito, compreender e abraçar os ciclos.
Adubar, afofar, nutrir.
E aí, ela
vai estar pronta pra dar frutos com a
semente que cair!
Independente
das intempéries e das plantas ao redor.
Nos custa ainda, compreender que somos feitos da mesma “matéria” que a Natureza própria.
***
Hoje mesmo eu olhava umas plantinhas que “dava
por morta”, mas que assim mesmo eu cavouquei a terra reguei com água, cuidei,
pensando que talvez elas ainda pudessem reviver. E deixei ali.
E elas cresceram! Uma delas cresceu um montão...
Mas, eu
deixei elas livres, pra “morrer de vez” ou reviver, não “botei presão” haha
E é diferente a sensação que sinto agora quando
olho pra elas, porque é uma espécie de respeito e aceitação pelo o que elas
são, assim como são, sem eu projetar nenhum desejo, de que “sejam assim o
assado”. Isso se parece a algo nosso não é... As relações.
Pois é, nada está dissociado.
A vida tá aí, todo o tempo, esbanjando
sabedoria.
Sendo bela, triste,
Sendo tudo... enfim.
E sim!
Ana, seu texto me inspirou a me conectar mais com a natureza. A facilidade e a simplicidade com que relatas tuas experiências traz a quem lê conforto, segurança e vontade de se permitir sentir a vida em todos os aspectos. Por isso e mesmo sem isso e para sempre: obrigado! Te amo!
ResponderExcluir<3 Guizito meu!Que amor tu, que bom... Fico contente, porque acho que é pra isso mesmo não é! abraço meu bem gordo <3
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